É preciso pôr o pé no freio

"Nunca os brasileiros consumiram tanto - e isso ajuda a explicar o bom momento do país. Mas os indicadores mostram que é preciso arrefecer o consumo, sob pena de a inflação dar um novo salto

A professora Paola dos Reis aproveitou a tarde do sábado, 21 de junho, para realizar um antigo sonho. Depois de duas horas de angústia e muita conversa com o namorado ao telefone, ela decidiu comprar seu primeiro automóvel zero-quilômetro, um Celta 1.0 com poucos acessórios, numa feira de venda de carros em São Caetano do Sul, no ABC paulista.

A decisão implicará uma dura rotina financeira nos próximos anos — se tudo correr bem, em junho de 2010 ela pagará a última das 24 parcelas do financiamento. Até lá, quase metade do salário que recebe de uma escola particular de São Caetano do Sul estará comprometida. É, de longe, a maior dívida de sua vida, mas ela já planeja a próxima. “Ainda quero comprar meu apartamento, mas terá de ficar para depois”, diz Paola. “Sei que vou ficar pagando prestações por muito tempo, mas só assim dá para melhorar de vida.”

Decisões como a de Paola — e de milhões de pessoas que, como ela, estão aproveitando o bom momento econômico do país para experimentar as delícias do consumo — estão por trás dos sucessivos recordes de produção e vendas da indústria brasileira. A queda dos juros e o alongamento dos financiamentos dos últimos anos colocaram no mercado uma massa nova de consumidores, estimada em 24 milhões de pessoas, que estão fazendo a festa de montadoras, construtoras e fabricantes de eletroeletrônicos, entre outros. “O mercado está extremamente receptivo”, diz Wagner Rezende, sócio da Incons, construtora e incorporadora paulista voltada para o público de classe média e baixa. “As pessoas estão confiantes que vão manter os empregos, e isso é vital num mercado de financiamento de longo prazo.” No setor de roupas, os varejistas contabilizaram vendas 12% maiores no Dia das Mães deste ano em comparação com o anterior. “Foi um resultado excelente”, diz Sylvio Mandel, presidente de uma associação que reúne grandes redes de lojas.

Tamanho frenesi virou o principal objeto de apreensão de economistas e das autoridades de Brasília. Segundo o Banco Central, o número de pessoas com dívidas superiores a 5 000 reais aumentou quase 50% em apenas dois anos. Começa a se generalizar a percepção de que o consumo está andando bem à frente da produção, e que esse desequilíbrio inevitavelmente vai agregar mais pontos aos índices de inflação. Pela primeira vez no ano, o levantamento feito pelo BC com analistas de bancos, corretoras e consultorias mostrou uma expectativa de inflação superior a 6%. Já há quem trabalhe com um número próximo de 7%, acima, portanto, do que o governo julga “aceitável” — a meta oficial é 4,5%, com dois pontos de tolerância.

Não é um cenário de crise — longe disso. Antes do Real, instituído há apenas 14 anos, muitos economistas viam como razoável a convivência com uma taxa de inflação de 25%. Estavam evidentemente errados, como demonstra a saudável preocupação com uma taxa anual que nem sequer se aproxima dos dois dígitos. Mesmo infinitamente longe da loucura inflacionária do passado — e mesmo considerando-se que parte do aumento dos preços segue uma lógica internacional —, o cenário merece cuidado pelo fôlego que a inflação vem demonstrando. “Não há mágica na economia: se todos querem consumir além do que produzimos, ou importamos mais ou teremos inflação”, diz o economista Sergio Valle, da consultoria MB Associados. “O que estamos vendo hoje é uma combinação preocupante das duas coisas.”

Essa noção foi reforçada com a divulgação de uma série de estatísticas novas, que acenderam a luz amarela quanto ao cenário para a economia nos próximos meses. Por um lado, ficou claro que o ritmo econômico está forte. O PIB no primeiro trimestre do ano avançou 5,8%. Com isso, as previsões para o crescimento em 2008 subiram um pouco e apontam para uma taxa de expansão de 5%. Em tempos normais, seria uma ótima notícia. Na conjuntura atual, o dado confirmou a impressão de que uma freada de arrumação terá necessariamente de vir pela frente. O consumo das famílias cresceu 6,5% — e o Ipea, órgão de pesquisa do governo, estima que essa taxa será mantida até dezembro. O investimento das empresas aumentou 14% — um dado certamente positivo, mas que agrega mais força à demanda doméstica. E os gastos do governo cresceram 4%, abaixo do ritmo de anos anteriores, mas ainda capaz de pressionar os preços.

O prórpio governo já vem trabalhando com a hipótese de refrear os ânimos."

Fonte: Por Fabiane Stefano/Revista Exame - 02/07/2008

Se vai consumir, que seja com responsabilidade


"O consumo é um pressuposto básico para a vida cotidiana, mas a forma exacerbada como vem sendo feito coloca em risco os processos de renovação dos recursos naturais. Por isso, a mudança de postura para um consumo consciente é urgente.

A pressão sobre o patrimônio natural começa a esgotar os recursos naturais e interferir nos processos de renovação da natureza. O consumo exagerado da sociedade moderna é o principal motor dessa pressão. Atualmente se consome cerca de 25% a mais de recursos do que a natureza consegue repor de acordo com o relatório Planeta Vivo 2006 da organização não-governamental WWF. Para se ter idéia, segundo outra pesquisa da WWF, esta de 2008, se todas as classes sociais adotassem o estilo de vida da elite brasileira, seriam necessários três planetas para sustentar o consumo.

Preocupado com essa situação, o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces) lançou em junho o Catálogo Sustentável (http://www.catalogosustentavel.com.br), um portal em que os visitantes encontram informações de produtos, serviços e empresas sustentáveis. “Criamos um catálogo virtual em um espaço aberto e amplo para reunir e permitir o acesso a produtos com características de sustentabilidade. Nosso objetivo não é, de forma alguma, estimular o consumismo, mas a procura por produtos feitos de forma sustentável”, afirma a diretora executiva do GVces, Rachel Biderman.

Para fazer parte do catálogo, o produto deve atender a pelo menos um dos critérios adotados pela equipe como eficiência energética, toxicidade, biodegradabilidade entre outros. No entanto, essa “peneira” deve ficar mais fina no futuro. “Neste momento inicial, queremos premiar quem deu o primeiro passo. Com o tempo, ficaremos mais rigorosos. De repente, atender a apenas ao critério de eficiência energética não será suficiente, também precisará ser feito com material reciclado, mas o mercado não dispõe desses produtos atualmente”, explica Biderman.

Outro objetivo da iniciativa é divulgar informações referentes à sustentabilidade empresarial, de forma a estimular que a demanda influencie a construção de um novo modelo de produção. Desde os cidadãos consumidores até as grandes empresas e órgãos públicos compradores estão dentro do público alvo. “Queremos que o catálogo também sirva como uma ferramenta de educação. Caso precise realmente consumir, que procure por produtos com menos impactos”, explica a diretora executiva do GVces.


O que precisa é consciência

Iniciativas como o catálogo sustentável são importantes, mas ainda falta compreensão da população sobre o seu impacto na natureza. “Falta nas pessoas consciência sobre o que estão fazendo. O ato da compra é desvinculado da consciência sobre o impacto da compra sobre o ambiente”, afirma a analista de projetos ambientais da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, Maísa Guapyassú.

O ecólogo ambientalista e professor da Universidade Regional de Blumenau (SC), Lauro Bacca, afirma que as pessoas estão perdendo a referência devido ao aumento absurdo do consumo. “Comemora-se muito que conseguimos reciclar cerca de 90% das latinhas de refrigerante no país, mas se esquece que os outros 10% que acabam no ambiente representam aproximadamente um bilhão e meio de latas só no Brasil. Há 20 anos, esse número era zero, agora, a quantidade é imensa”, explica.

O professor acredita que a questão ambiental cresceu bastante nos últimos anos, porém a devastação ambiental aumentou muito mais. “Os carros de hoje lançam uma quantidade muito menor de poluentes no ar do que os de 20 anos atrás, mas o número de automóveis nas ruas anula esse avanço. Vivemos uma era de ilusão ambiental, esses avanços são necessários, mas temos que acabar com a crença de que só porque inventamos uma tecnologia avançada ambientalmente as coisas estão às mil maravilhas”, comenta Bacca.

O afastamento do homem moderno da natureza é outro dos fatores que contribuem para o desinteresse das pessoas em ter mais cuidado com suas atitudes de consumo, segundo Guapyassú. “Essa desconexão faz com não tenham consciência de suas ações. Acham que a tecnologia vai resolver tudo independentemente do custo”, afirma.


Consuma mais, consuma muito

O processo de indução ao consumo feito pelos diversos meios de comunicação também é responsável pelo problema, pois entra em conflito com a necessidade de ter mais cuidado na hora de comprar. “Esse modelo de sociedade de consumo criou a utopia de que o Brasil é um país inesgotável”, afirma Oscar Fergutz, analista de projetos da Fundação Avina. Guapyassú divide a mesma opinião, “queremos que as pessoas tenham comportamento ambientalmente correto, mas ao mesmo tempo elas são bombardeadas com propaganda e se valoriza a compra de produtos desnecessários. Estamos em um mundo em que as pessoas são valorizadas pelo consumo”, afirma.

Bacca não acredita que alguém diga que o meio ambiente não é importante, mas na hora de tomar medidas positivas para a natureza, mesmo as mais simples, é difícil encontrar pessoas dispostas a isso. Para ele, o governo também tem sua parcela de influência, pois não cria ações efetivas para estimular essa mudança. “O consumo consciente ainda não atingiu a grande massa e as autoridades são responsáveis em grande parte por isso. Pouco se divulga, pouco se impõem. Os governantes gostam muito de dividir o ônus com a população, nunca o bônus”, comenta.

“Se essa lógica se perpetuar, estaremos sempre pressionando o meio ambiente, pressionando na produção com a retirada dos recursos, e depois na volta, na hora do descarte. Cria uma pressão sobre o planeta tão grande, que ele não consegue se recuperar”, explica Biderman.


Tomando a frente

Oscar Fergutz é um desses consumidores que sempre procuram levar em consideração o impacto do produto e de suas ações sobre o meio ambiente. Sempre observa a quantidade de embalagens, a eficiência energética, a distância do transporte da mercadoria na hora de adquirir alguma coisa. Para ele, a responsabilidade social não pode ser só das empresas e dos governos, mas de todos que fazem parte da sociedade. “Devemos estar conscientes o tempo inteiro. Tudo o que fazemos consome recursos do planeta”, afirma.

É este tipo de postura que o planeta precisa urgentemente de seus mais numerosos habitantes. “Nosso planeta Titanic está afundando e as pessoas não estão percebendo, continuam na proa do navio fazendo festa”, conclui o professor Bacca.

Para saber mais sobre consumo consciente, visite os sites do GVces (http://www.ces.fgvsp.br), do Instituto Akatu (http://www.akatu.org.br) e do Idec - Instituto de Defesa do Consumidor (http://www.idec.org.br)."

Fonte: Envolverde/Fundação O Boticário

Andar a pé é "solução" para driblar os custos do transporte coletivo

Que tal deixar o carro parado e andar a pé? Ir ao mercado e a padaria são apenas dois exemplos para se exercitar. É ótimo para a saúde do corpo e do bolso.

"Um estudo do Ministério das Cidades divulgado na última semana mostra que andar a pé é o modo de locomoção que mais cresce na região metropolitana de São Paulo, principalmente entre os mais pobres.

Entre 1997 e 2002, o número de viagens diárias a pé representou 46% do aumento total de viagens da metrópole (3,8 milhões), se concentrando nas populações mais pobres, enquanto que o forte aumento da utilização do carro particular ficou praticamente restrito às classes médias e, principalmente, altas (acréscimo de 2,8 milhões de viagens/dia).

O preço da condução é o principal motivo pela escolha deste meio de transporte entre os entrevistados que recebem até quatro salários mínimos. “O aumento das viagens curtas e a pé entre os mais pobres certamente vem refletindo a dinamização dos espaços periféricos e a forte heterogeneidade social que se acentuou na periferia nos últimos anos”, afirma o relatório.

De acordo com o volume “Como anda São Paulo”, da série de estudos “Como andam as regiões metropolitanas”, as pessoas de todas as faixas de rende optam pela caminhada como meio de transporte quando o trajeto é curto e com duração entre 15 a 20 minutos. “Entretanto, a análise dos motivos que levam aos deslocamentos a pé, quando as distâncias não são curtas, vem esclarecer muitas das inadequações da oferta de transporte coletivo para este segmento e explicar grande parte das carências desse setor”, explica o documento.

O transporte a pé entre as pessoas que recebem até dois salários mínimos passou de 57% em 1997 para 62% em 2002, enquanto que o uso de veículos motorizados –coletivo e individual – passou de 43% para 38%, com queda percentual principalmente no uso do ônibus (que passou de 21% para 18% entre as viagens desse grupo), mas também no metrô e trem (de 3% para 2%).

A pesquisa destaca, no entanto, que há uma acomodação com relação às restrições por parte da população de baixa renda, que transforma “os espaços da vizinhança em destinos de viagem possíveis de serem alcançados”. “As conseqüências destas estratégias para o cotidiano dessas populações realimentam os circuitos internos de reprodução da pobreza”, explica o documento.

Segundo o estudo, garantir a mobilidade desses grupos através de políticas de transporte público acessível é uma estratégia importante de combate à pobreza, pois as restrições atuais deixam esta população sem acesso ao mercado de trabalho e aos equipamentos públicos de educação, saúde, cultura e lazer.

Planejando as cidades para o pedestre

Especialistas vão além e advertem que é preciso repensar para quem as cidades estão sendo planejadas, se é para o trânsito ou para as pessoas. “Famílias com renda acima de R$ 2,1 mil usam 8,6 vezes mais o espaço urbano que a população que ganha até dois salários mínimos. Os automóveis ocupam 50% do espaço urbano”, ressalta o diretor da Associação de ciclousuários da Grande Florianópolis (Via Ciclo), André Geraldo Soares.

Soares diz que o problema é, muitas vezes, a prioridade nos investimentos. Ele cita o caso do Túnel Antonieta de Barros, construído em Florianópolis em 2002. Segundo ele a obra custou R$20 milhões e só beneficiou veículos motorizados, uma vez que é proibido o trânsito de pedestres e ciclistas. “Foi uma grande benfeitoria que não contemplou a todos”, afirma.

O engenheiro Everaldo Valenga Alves, da gerência de sistema viário do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF), propõe o emprego do chamado “Traffic Calming”, que prioriza o pedestre, com melhorias nas travessias. “A proposta é fazer o contrário do que fazemos hoje: a rua é do pedestre e não dos veículos. O desenho das ruas é focado nas pessoas, com faixas largas, por exemplo”, explica.

Composta por onze volumes, a coletânea “Como andam as regiões metropolitanas” foi realizada por pesquisadores do Observatório das Metrópoles, que reúne representantes de diversas universidades do País, e analisou onze regiões metropolitanas do Brasil – São Paulo, Salvador, Fortaleza, Natal, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém e Goiânia –, além do aglomerado urbano de Maringá, no Paraná.

A coletânea está disponível na íntegra no site do Ministério das Cidades."


Fonte: Envolverde/Carbono Brasil (Por Paula Scheidt, do CarbonoBrasil)

Minimização de resíduos

Ser criativo não é previlégio apenas de pessoas especiais. Veja como um email detonou uma prática sustentável para mais de 5 milhões de pessoas.

"Bota-fora

Rede de intercâmbio conecta pessoas que querem doar com aquelas que querem receber

Todo mundo tem, pelo menos, um objeto que não utiliza mais, mas ainda está em condições de uso. Isso quando não se trata de um monte de coisa que ocupa um cômodo inteiro, o famoso “quartinho de bagunça”. Ele acaba resistindo a toda iniciativa de arrumação, você não consegue encontrar alguém que se interesse por aquela “tranqueira”, tem pena de jogar fora, e o objeto continua lá, parado e ocupando espaço. Para resolver essa situação tão comum, surgiu o Freecycle Network (www.freecycle.org).

O Freecycle é uma organização sem fins lucrativos, criada em 2003, a partir de um e-mail de Deron Beal, um norte-americano do Arizona, anunciando a criação de uma rede de contatos entre pessoas interessadas em doar artigos e outros interessados em recebê-los. A idéia se espalhou rapidamente, ultrapassou as fronteiras da cidade de Tucson, onde nasceu, e hoje está presente em 75 países, entre eles o Brasil. Atualmente, no mundo, são 5,15 milhões de usuários, divididos em 4.375 grupos locais. No Brasil, existem grupos em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói, Curitiba, Porto Alegre e Uberlândia. A capital paulista já conta com mais de 500 usuários cadastrados. E, segundo Carlos Simões, moderador do grupo de São Paulo, recebe cerca de 20 novos participantes a cada semana.

De acordo com os organizadores do site, o fato de os cadastrados no Freecycle doarem algo que jogariam fora evita que cerca de 300 toneladas de “lixo” sejam geradas, diariamente, ocupando aterros sanitários e lixões. Se esse volume fosse colocado em caminhões, após um ano, os veículos empilhados formariam uma montanha quatro vezes maior que o monte Everest.

Para participar do Freecycle, o procedimento é simples. O interessado procura o grupo mais próximo de sua cidade e se cadastra. A partir daí estará fazendo parte da lista de e-mails desse grupo, que geralmente é moderado por um usuário voluntário. A pessoa que quer doar um objeto - pode ser qualquer coisa, desde que seja de graça, dentro da lei, e apropriado para todas as idades - envia um e-mail anunciando. Os interessados entram em contato com essa pessoa, que escolhe quem será o “presenteado” (se houver mais de um) e responde diretamente ao escolhido indicando o dia e o local onde o objeto poderá ser retirado. Em São Paulo, por exemplo, as ofertas vão de aparelhos de DVD necessitando apenas de conserto, a disquetes ou filhotes de cachorro.

Para criar um novo grupo, o interessado deve atender a alguns pré-requisitos, como morar na área em que está criando o grupo e dispor de algum tempo para moderar as mensagens, além de outras qualificações que podem ser consultadas em http://www.freecycle.org/startagroup. Por ter sido o primeiro a trazer o Freecycle para o Brasil, Carlos Simões é sempre consultado pela organização norte-americana antes de autorizar a abertura de um novo grupo. Por isso, ele pode ser um bom canal para quem está interessado em organizar uma comunidade do Freecycle em sua cidade.

O objetivo da rede é, além de estimular “um senso de generosidade” e fortalecer os laços comunitários, promover a sustentabilidade e o hábito da reutilização. “Esperamos que cresça cada vez mais, porque não deixa de ser um site ambiental e de consumo consciente”, diz Simões. Mas atenção: a idéia é que as pessoas peguem apenas o que precisam e não aceitem a doação simplesmente porque é “de graça”. Isso vai contra as regras de etiqueta da comunidade, que pode passar a preterir essa pessoa em outras negociações, caso um comportamento indesejado seja identificado. Até porque ao pegar algo desnecessário pode-se estar impedindo que uma entidade sem fins lucrativos – como várias que fazem parte do site – tenha acesso a um bem. Sem falar no vários estudantes em busca de móveis ou objetos de utilidade para suas repúblicas

A idéia do Freecycle fez tanto sucesso que já ganhou concorrentes, entre eles o Freesharing.org, que surgiu como uma dissidência do original. Mas o único que tem grupos no Brasil, por enquanto, é o Freecycle."

Contato: http://groups.yahoo.com/group/freecyclebrasilia/

Fonte: Instituto AKATU


Hortas urbanas

Vejam como é só querer fazer a diferença para transformar a paisagem. É plenamente possível criar hortas comunitárias nas superquadras de Brasília. Observe os espaços, converse com vizinhos e coloque em prática esta idéia. A diferença é feita por quem é diferente. Pense nesta possibilidade e vá em frente. A superquadra 305 sul já se mobiliza para criar a sua horta.


"Canteiros cheios de verduras e legumes transformam terrenos vazios ou degradados em espaços que geram renda e alimentam a comunidade

Imagine canteiros repletos de pés de cenoura, alface e beterraba na acizentada paisagem da metrópole. Essas hortas existem e inspiram a população da capital paulista e municípios vizinhos ao mostrar que é possível ocupar, de um jeito nobre, áreas usadas como depósito de entulho ou como reduto da marginalidade. A ONG Associação Global de Desenvolvimento Sustentável (AGDS), de São Bernardo do Campo, foi uma das pioneiras dessa iniciativa. Há 21 anos viu nos terrenos da Eletropaulo que abrigam as torres de transmissão de energia a oportunidade de semear ali mudas de hortaliças. “Aqui era um verdadeiro lixão”, diz o presidente da AGDS, Nelson Pedroso, ao se referir aos terrenos da avenida Vivaldi, de 3 mil m2, onde 12 famílias pegam na enxada.

SEMENTE VIVA

O cultivo de hortas comunitárias em São Paulo tem efeitos exemplares. Não só leva a verdura fresquinha à mesa da população mais carente como requalifica os espaços urbanos. Áreas improdutivas e poluídas, sem fauna e flora, só prejudicam a vida nas cidades”, diz a arquiteta Noemie Nahum, da PUC-Campinas. Um problema que a prefeitura de São Paulo vem driblando com o Programa de Agricultura Urbana e Periurbana (Proaurp). “O principal objetivo é o combate à desnutrição”, diz a coordenadora Nísia Serroni. A iniciativa tem se mostrado eficiente para hortas em escolas públicas, mas as comunitárias ainda carecem de parcerias – pública e privada – para a semeadura. O que não intimidou o gaúcho Hans Dieter Temp. Há quatro anos ele criou a ONG Cidades sem Fome e hoje comemora 21 hortas em bairros da zona leste de São Paulo. A conquista mais recente é a área ao lado da escola municipal Arthur Chagas Júnior, em Sapopemba.

PRAÇA DAS FLORES

Onde antes nasceu a primeira horta da cidade de São Paulo, na avenida Radial Leste, esquina com a rua Bresser, será inaugurada, até o fim deste ano, a praça das Flores Alfredo di Cunto. Em um espaço de 10 mil m2, o projeto da subprefeitura da Mooca em parceria com a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente terá um viveiro de mudas para abastecer de flores e árvores frutíferas as praças dos bairros Pari, Belém, Brás, Mooca, Água Rasa e Tatuapé. No local também funcionará uma escola ambiental.

PARA FAZER UMA HORTA

Terrenos ociosos podem transformar-se em horta, desde que seja feito um contato com o proprietário ou com a subprefeitura da região para solicitar o uso do solo. É importante contatar um agrônomo para fazer a análise do solo. A Eletropaulo tem 2,9 milhões de m2 disponíveis em áreas sob linhas de transmissão (tel. 0800-7272120)"

Por Letícia de Almeida Alves
Revista Arquitetura e Construção - 06/2008



72% das propagandas de alimentos vendem más opções à saúde


" Uma pesquisa realizada na Universidade de Brasília revela que 72% das propagandas de alimentos veiculam mensagens para o consumo de produtos com altos teores de gorduras, açúcares e sal. Essa "dieta" contribuiu para o aumento de doenças crônicas como obesidade, hipertensão e diabetes. Uma pesquisa feita pelo Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição (Opsan) da Universidade de Brasília (UnB) revela que as propagandas sobre alimentos no Brasil sugerem opções que fazem mal à saúde dos consumidores. Os dados preliminares do estudo foram divulgados no dia 26 de junho. O levantamento, intitulado Pesquisa de monitoraçãode propaganda de alimentos visando à prática da alimentação saudável, foi feito entre 2006 e 2007 com recursos do Ministério da Saúde/CNPq.


Para fazer análise das peças publicitárias, professores, alunos e recém-formados do Departamento de Nutrição gravaram durante 52 semanas 20 horas diárias da programação de canais televisivos abertos e fechados. Também foram arquivados nesse período revistas voltadas tanto para o público adulto em geral, feminino e infantil. Os resultados constados pelos pesquisadores assustam. 72% do total das peças publicitárias de alimentos, veiculam mensagens para o consumo de alimentos com altos teores de gorduras, açúcares e sal.

Este valor é alcançado com a publicidade de apenas cinco categorias de alimentos: na ordem, os campeões são fast food; guloseimas (balas, chicletes) e sorvetes; refrigerantes e sucos artificiais; salgadinhos de pacote, e biscoitos (doces e recheados) e bolo. "Isso contribui para o aumento crescente e assustador da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, hipertensão e diabetes", declara a professora Elisabetta Recine, uma das coordenadoras da pesquisa. "Esubsidia a discussão sobre a urgência de se regulamentar a publicidade de alimentos.".

Público infantil

Nos canais de TV a cabo destinados preferencialmente ao público infantil a pesquisa chegou a verificar que 50% das peças publicitárias nessas redes são de alimentos. "Isso mostra nitidamente o direcionamento da publicidade para esse público, no sentido de estimular consumo e formar hábitos alimentares não saudáveis", analisa a professora. Reunindo canais abertos e fechados, 44% do total desse tipo de propaganda é direcionada às crianças. "O dado é incontestável, porque praticamente metade da publicidade de alimentos na mídia televisiva e dirigida ao público infantil. Por isso identificamos atualmente casos de obesidade, hipertensão e colesterol alto em crianças e com prevalência cada vez mais altas", avalia.

Quando se trata da análise do conteúdo publicitário destinado à criança, é alta a ocorrência de peças publicitárias com promoções de estímulo à compra, como, por exemplo, a inclusão de bonecos e figurinhas nas embalagens. "Em torno de 20% das propagandas contêm algum tipo de promoção", afirma Elisabetta.

Mídia impressa

A realidade da publicidade alimentícia em revistas não é diferente. Cerca de 15% do total de peças nesses veículos relacionam-se a produtos alimentícios. Em revistas infantis, como as de história em quadrinhos, esse número é um pouco maior, fica em torno de 18%.

Esses são apenas alguns dos dados preliminares da pesquisa, que tem a intenção de entrar a fundo no mundo publicitário para desvendar elementos persuasivos não tão perceptíveis à primeira vista. "Vamos analisar o tipo de mensagem que é enviada a cada público, os recursos para chamar a atenção, os valores estimulados", explica Elisabetta. "A meta é entrar nessas estruturas para detalhar quais são os mecanismos utilizados para conquistar o consumidor", afirma.

Financiada pelo Ministério da Saúde/CNPq, a pesquisa tem o objetivo de contribuir para a discussão sobre a regulamentação da publicidade de alimentos e apontar estratégias para produção de uma futura regulamentação. "Muitos países controlam e até mesmo proibiram a publicidade de alimentos na TV. Há outros que controlam essas propagandas em determinados horários, como o de programação infantil", afirma a pesquisadora.

Quadro

- 20% da programação das TVs são ocupadas por publicidade. Desse total, 10% é sobre alimentos;

- Foram analisados quatro canais de TV, sendo dois abertos e dois fechados;

- Nos canais fechados, 50% da publicidade é voltada para o público infantil;

- A gravação foi feita durante 20 horas durante sete dias de 52 semanas (entre agosto de 2006 e agosto de 2007), totalizando 4.160 horas de material coletado;

- Neste mesmo período foram analisadas 18 revistas, sendo 3 destinadas ao público adulto, 8 para o feminino, duas para adolescentes e seis para crianças;

- Cinco categorias de produtos (fast food; guloseimas e sorvetes; refrigerantes e sucos artificiais; salgadinhos de pacote, e biscoitos e bolo) são responsáveis por 72% das propagandas de alimentos;

- Reunindo canais abertos e fechados, 44% do total de propagandas de alimentos é direcionado às crianças;

- Na mídia impressa, cerca de 15% do total de peças publicitárias são de alimentos;

- Em revistas infantis, esse número é um pouco maior, fica em torno de 18%;

Integram a equipe de coordenação da pesquisa, Elisabetta Recine, Janine Coutinho e Renata Monteiro, do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição, da Universidade de Brasília.

Fonte: Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição / UNB

(Envolverde/Agência Carta Maior)"